A Sabedoria

A Sabedoria

Por Christian Bernard
Imperator, Antiga e Mística Ordem Rosae Crucis, AMORC.

Ser sábio é conhecer com perfeição todos os aspectos da dualidade humana e aplicar esse domínio a todas as relações que estabelecemos com os outros. Portanto, é sábio aquele que sempre mostra o caminho a ser seguido sem nunca impor, e que jamais faz pelos outros o que eles mostram interesse em fazer por si mesmos. Sábio também é aquele que sabe calar quando é preciso se contentar em escutar, e falar quando pode e deve se fazer ouvir. O verdadeiro sábio não é aquele que fala bem da sabedoria, mas aquele que faz falarem bem dele pela sabedoria de suas ações. De tudo o que dissemos acima resulta que a verdadeira sabedoria sempre ouve mais do que fala, fala menos do que age, e nunca age sem ter antes refletido muito. Darmos prova de sabedoria não é querermos reformar o mal que cremos ver nos outros, mas nos conformarmos ao bem que estamos certos de perceber neles. A sabedoria tem por missão preservar a harmonia onde ela existe, e tudo fazer para que ela se faça onde não existe.

Empunhar a espada da sabedoria não é uma fácil tarefa, mesmo para o maior dos cavaleiros. É grande a tentação que ele tem de se acreditar sábio sob o pretexto de que traz consigo essa espada. Lembre-se de como “ Excalibur”, a espada do poder, partiu-se quando o Rei Arthur, por ignorância e por orgulho, invocou seu poder mágico para matar o cavaleiro Lancelot, símbolo de nobreza e idealismo. Foi só por causa de seu profundo arrependimento e de sua imediata e definitiva tomada de consciência que a Dama do Lago lhe restituiu a espada da Realeza. O mesmo se aplica à espada da sabedoria.

Se a utilizarmos impunemente para satisfazer os desejos ilegítimos de nosso ego, faremos dela um instrumento de demência e de poder maléfico. Como jovens cavaleiros da OGG, devemos compreender, antes que seja tarde demais, o que a palavra “sábio” significa verdadeiramente. Para tanto, é preciso aprender por meio da iniciação que, assim como o hábito não faz o monge, a espada, qualquer que seja, não faz o cavaleiro. Ser portador da espada da sabedoria sem ser sábio assemelha-se a contemplar a luz do dia com uma venda nos olhos. Só unindo o poder cósmico da sabedoria às virtudes do sábio podemos realizar o estado de Cavaleiro Rosacruz. Foi pelo fato de os antigos místicos haverem compreendido a necessidade dessa união que falaram do Sábio dos Sábios. Talvez tenha sido pela mesma razão que o Rei Arthur, após ter recebido a Iluminação, gritou, apontando Excalibur para o céu: “Terra e Rei são uma só coisa!”. Não tinha ele efetivamente acabado de ter a percepção do estado Rosacruz em que sabedoria e sábio só verdadeiramente uma só coisa?

Ora, o que eu dizia sobre a sabedoria me parece igual e constantemente uma verdade. No entanto, gostaria de precisar algumas coisas. Muitos místicos confundem conhecimento e sabedoria. Conhecer é saber, e ser sábio é compreender e aplicar aquilo que sabemos. À guisa de exemplo, muitas pessoas leram várias obras e diversos textos supostamente sagrados, religiosos ou filosóficos. Mas quem pode afirmar que elas compreendem e integram tudo aquilo que esses escritos encerram? Como aplicar, então, em sua vida cotidiana, um saber compreendido? O problema, em matéria de sabedoria, é saber do que falamos e não falar senão daquilo de que estejamos certos de haver compreendido.
Isso deve nos levar a ser modestos, pois não podemos jamais estar verdadeiramente certos da compreensão que temos de alguma coisa. Nesse sentido, é preferível colocar em prática a cada dia uma qualidade única a qual integramos perfeitamente do que falar como um livro de todas as virtudes sem sermos capazes de aplicar uma sequer. De fato, o objetivo do ser humano não é tanto adquirir conhecimento quanto colocá-lo em prática.

Quando o Mestre Jesus ensinou aos homens que deveriam se amar uns aos outros, ele acrescentou que não havia mandamento superior a esse. O que há de mais simples do que dizer, ler ou escrever esta frase: “Amemo-nos uns aos outros”? Todos a conhecem, mas quem compreende suficientemente sua essência para colocá-la em prática em sua vida cotidiana?

Quando refletimos sobre o sentido desse único preceito, vemos que ele mostra o ideal de comportamento que todos os seres humanos alcançarão um dia, mas que apenas alguns já realizaram. Por outro lado, aqueles poucos que efetivamente atingiram esse estado foram mais do que sábios. Cada qual poderia ser chamado “Cristo”. Dado que esse estado de sabedoria deve ser necessariamente alcançado antes do estado crístico, isso faz supor que há um mandamento mais fácil de ser seguido pelos seres em evolução, que somos nós.

Esse mandamento mais acessível para nós é precisamente aquele que o sábio é capaz de observar, e creio que podemos exprimi-lo dizendo: “Compreendamo-nos uns aos outros”, ou, dito de outra maneira, aprendamos a nos conhecer e a nos apreciar tal qual somos, já que não somos ainda capazes de amar o nosso próximo assim como a nós mesmos. Esforcemo-nos por aplicar essa compreensão mútua em todos as nossas relações humanas. Agindo assim, faremos muito mais por nossa evolução e pela evolução do mundo do que lendo, sem compreender, os mais altos preceitos cristãos ou outros.

Se conseguirmos viver esse mandamento, não por amar todos os seres, mas por não detestar nenhum deles, teremos, por nossa atitude, nos aproximado da grande e verdadeira sabedoria.

* Fonte: Livro “Reflexões Rosacruzes”, por Christian Bernard, 2011.

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