Paulo Paranhos, FRC
A idade que medeia os 18 e 20 anos é geralmente considerada como o limiar da vida adulta. No início dessa fase, porém, muitos problemas de ajustamento parecem persistir, ainda que diferentes daqueles que predominavam na adolescência.
Não restam dúvidas, contudo, de que as dificuldades com que se deparam os adolescentes, revelam-se com mais intensidade naquilo que respeita aos conflitos emocionais e à insegurança dentro do seu grupo de relacionamento; por outro lado, os problemas enfrentados pelos adultos jovens normalmente estão relacionados à afirmação no campo profissional, além das preocupações nas relações familiares.
Parece-nos, então, que ser adulto passa, necessariamente, pela escolha de uma profissão para a estabilização emocional e financeira e pela definição em relação à escolha de um parceiro que dividirá as responsabilidades assumidas. Contudo, para muitos essa escolha pode, às vezes, acumular problemas que não tenham sido bem resolvidos na fase anterior. Conseguir independência, para o jovem adulto, constitui uma tarefa importante a que se obriga nas áreas emocional, social e econômica. Porém, a interdependência gerada por assumir novas responsabilidades encaixar-se-á na medida exata em que se estabeleça o equilíbrio entre a dependência e a independência que se pretende.
Por outro lado – e isto tem se mostrado com certa constância em nossa sociedade – o adulto jovem consegue uma maior integração com o seu grupo à medida que ascende economicamente. A independência econômica conseguida significa que ele tem a capacidade de assumir responsabilidades financeiras, mesmo quando às vezes se endivida de forma angustiante, ficando aí dependente de outros fatores e oportunidades.
No entanto, isso pode gerar uma situação de ambiguidade. Em outras palavras, se por um lado contrai dívidas e aumenta sua angústia pessoal, por outro lado parece gerar na sociedade outro tipo de comportamento, distinguindo nele um indivíduo preparado e acabado para a nova vida, ou seja, capaz de assumir novas responsabilidades.
Outra característica importante nessa fase de vida está diretamente relacionada ao aspecto cognitivo do indivíduo. Ele normalmente carrega consigo ainda algumas propriedades da adolescência, porém a sociedade já o aceita sem os rótulos anteriores, pois nessa fase afloram tendências mais complexas: começa, então, a raciocinar em bases avançadas, prevendo hipóteses e procurando reduzir consequências.
Porém, tudo até aqui exposto não pode ser transformado numa relação paradigmática, uma vez que nem todos os jovens estão preparados para enfrentar efetivamente a situação de adulto. Decorre daí a indagação feita no título deste artigo, qual seja, a vida adulta representa aumento nas responsabilidades do indivíduo?
Evidentemente, a maturidade pode ser atingida de várias formas e por indivíduos de diferentes idades, variando o grau de responsabilidades de um para outro, sem que possamos generalizar essa definição. As responsabilidades existem a qualquer momento e a forma de encará-las dependerá muito do grau de experiências anteriores e da maturidade que cada um traz em seu interior, não bastando apenas o simples fato de ter o jovem, por exemplo, alcançando 20 anos de idade e o considerarmos como já tendo perfeito todo um conceito de responsabilidade.
Sem dúvida, também a revisão daquilo que ele considera maturidade influenciará diretamente no conceito do que significa ser adulto. Hoje em dia, a maturidade não é mais vista como um padrão de desenvolvimento que se atinge em um determinado momento. Tal conceito é encarado atualmente como um processo contínuo no desenvolvimento do indivíduo. É de se concluir, então, que, a partir desta visão, ser adulto não mais significa ter o indivíduo atingido a maturidade, e sim estar numa fase de desenvolvimento e aprendizado contínuos, com características distintas das fases anteriores. Portanto, a responsabilidade não é uma imposição da vida adulta, nem mesmo sua consequência. É simplesmente uma decorrência da vida e da experiência pessoal a que nos submetemos a todo instante.